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Artes Plásticas em Cabo Verde

Só depois da independência em 1975 é que ocorreu o surgimento de alguns artistas no campo da pintura e escultura. Nessa primeira fase, todos os trabalhos pictóricos evidenciavam o grito da liberdade e a alegria da independência. Era o fim de séculos marcados pela escravatura e o colonialismo.

Actualmente, Cabo Verde se abriu para o resto do mundo. Seus artistas vão buscar influências, e até estudar, ao estrangeiro. Há uma certa globalização nas artes cabo-verdianas, mantendo-se, no entanto, certos sinais das raízes africanas, evidenciadas sobretudo na escolha das cores. Os artistas cabo-verdianos têm colocado seus trabalhos em muitas exposições, não só em seu próprio país, como também em Portugal e nos Estados Unidos.

O panorama actual das artes plásticas em Cabo Verde abrange cerca de meia centena de criadores e a cada ano surgem novos nomes a tentar conquistar o seu espaço num mercado exíguo mas bastante dinâmico.

A vertente da pintura é aquela em que se insere a maioria esmagadora dos artistas, enquanto os escultores são menos expressivos numericamente.

Quanto à fotografia, é recente em Cabo Verde a sua prática com uma proposta de expressão artística, mas já conta com alguns representantes.

A maior parte dos artistas plásticos cabo-verdianos é autodidacta. Entre aqueles que não o são, a maioria não concluiu os seus estudos de Belas Artes ou Design, frequentando-os apenas o suficiente para deles extrair os conhecimentos que desejavam.

Nota-se nas artes plásticas em Cabo Verde, de modo geral, o predomínio de temáticas ligadas ao quotidiano, com imagens ligadas ao trabalho, ao lazer e às manifestações tradicionais da cultura popular, numa tendência folclórica a que poucos artistas se furtam.

Artisanatos

O artesanato tem grande importância na cultura cabo-verdiana. A tecelagem e a cerâmica são artes muito apreciadas no país. Produzido quer para utensílio, quer para decoração, o artesanato do Cabo Verde é muito singular e é verdadeiro instrumento de expressão da cultura popular. Hoje em dia, ele é igualmente atração para os turistas, constituindo seu fabrico e comercialização o único meio de subsistência para algumas famílias.

O artesanato cabo-verdiano reflecte, naturalmente, o quotidiano da população, não só através dos materiais que usa como também dos temas que trata. A cestaria em caniço, a tecelagem em algodão e a tapeçaria são áreas expressivas privilegiadas pelos artesãos locais.

Também o barro vermelho, retratando o homem/tipo cabo-verdiano, merece menção especial. Finalmente, os trabalhos com casca de coco, o batik, a bijutaria com conchas e as bonecas de trapos dão testemunho da criatividade dos artistas do arquipélago. O trabalho criativo dos artesãos populares de Cabo Verde tem sido merecidamente apoiado pelo Museu de Arte Tradicional, sediado no Mindelo, e cuja função consiste em investigar, formar, produzir, comercializar e divulgar as diversas expressões do artesanato cabo-verdiano.

Como sociedade cosmopolita que é, integrada nos ventos da mundialização e intercâmbio de experiências, Cabo Verde tem artistas plásticos de reconhecido mérito a nível internacional. Em primeiro lugar citemos Leão Lopes, uma referência incontornável da cultura actual; ceramista, gráfico, fotógrafo, animador da galeria Alternativa, mentor da revista ‘Ponto e Vírgula’, enfim, artista polivalente que pensa o presente já projectado para o futuro. Igualmente merecem menção os pintores Kiki Lima, Tchalé Figueira, Bela Duarte (tapeçaria), Luísa Queiroz, Manuel Figueira, Mizá e David Levy Lima – haveria muitos mais a citar – cujas obras reflectem sobre a dimensão social cabo-verdiana enquadrada num imaginário fantástico.

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