Literatura Cabo Verdiana
A literatura oral é uma densa fonte instrumental transmitida de geração em geração, que serve para fixar hábitos, conhecimentos, normas de existência ou princípios básicos de convivência, sendo um património documental e histórico de inestimável valor. Foi uma arte cultivada ao longo do tempo e constitui uma memória histórica e sociológica riquíssima. A sua função é inegavelmente pedagógica pois aí se encontram ensinamentos, regras de conduta, orientações morais no seu duplo sentido psicológico e vivencial, recheados de uma sabedoria natural e empírica, profunda e altamente metafórica. Entre esta forma de reproduzir ensinamentos e fixar tradições encontramos o “Konbersu Sabi” e as Cantigas de Trabalho. O Konbersu Sabi é um desafio poético entre duas pessoas e ocorre de uma forma improvisada, utilizando uma linguagem figurada e simbólica; decorre num encadeamento rítmico e estético que desafia a capacidade poética dos intervenientes. As Cantigas de Trabalho são igualmente repositórios de uma literatura oral que se perpetuou no tempo e no espaço e desempenham um papel lúdico e utilitário. Decorrem do quotidiano do agricultor e retratam vários aspectos de sociedade em geral e da vida dos trabalhadores – os seus sentimentos, as suas revoltas, os seus descontentamentos, os seus medos, os seus estados de alma. A literatura escrita está recheada de produções de enorme riqueza estética, ideológica e literária. O primeiro romance cabo-verdiano, “O ESCRAVO”, foi publicado em 1856, em Santiago; foi escrito por José Evaristo d’ Almeida, que, embora sendo português, viveu e bebeu a influência cultural da ilha onde se encontrava desterrado. Podemos dividir a literatura escrita em três fases distintas: a Pré-claridosa, a claridosa e a Pós-claridosa. A Pré-claridosa corresponde, cronologicamente, à literatura anterior a 1936 e é caracterizada por uma escrita de forte influência portuguesa e, por conseguinte, por um estilo romântico e uma obediência cega aos cânones clássicos da escrita de então. A saudade, o amor, a tristeza, a melancolia, os desencontros amorosos e uma certa exaltação patriótica eram notas dominantes, sendo de se destacar nesse contexto alguns nomes como Eugénio Tavares, Pedro Cardoso, José Lopes e Januário Leite, entre outros. Não obstante essa consonância, Eugénio Tavares e Pedro Cardoso revelaram-se (quase) como os precursores da Claridade, ao defenderem a língua e a escrita do crioulo, escrevendo eles próprios em crioulo, e ao retratarem e contestarem algumas situações sociais degradantes provocadas pelo regime colonial-fascista, revelando-se como avatares da claridosidade com a sua escrita de pendor nativista e pan-africanista.
Vamos então conhecer alguns vultos da literatura caboverdiana:
- EUGÉNIO TAVARES
- PEDRO CARDOSO
- JORGE BARBOSA
- BALTASAR LOPES DA SILVA - "NHÔ BALTAS"
- MANUEL LOPES
- GABRIEL MARIANO
- OVÍDIO MARTINS
- TEIXEIRA DE SOUSA
- GERMANO DE ALMEIDA
- OSWALDO OSÓRIO
- SÉRGIO FRUSONI
- ARMÉNIO VIEIRA
- JOSÉ LUIS TAVARES
- DANNY SPÍNOLA
- JOAQUIM ARENA